Foto de Caio Antônio |
Um prefeito, mesmo contando com esmagadora maioria de vereadores obedientes, ao encaminhar um projeto é inesperadamente esmagado. Quatro disciplinados parlamentares votam a favor do derrotado prefeito, que aponta com uma mão a poderosa força da especulação imobiliária, e com a outra tranca na gaveta um decreto em favor do povo.
Vamos agora dar visibilidade a este teatro. Os quatro fiéis escudeiros, favoráveis ao defeso da Bacia do Itacorubi, semanas antes aprovaram a alteração do zoneamento da área da penitenciária, pertencente à mesma Bacia. Os demais, não todos, agradaram os poderosos, e ainda aproveitaram para posar de independentes do executivo. Poucos, fora da encenação, votaram contra o projeto em função de um parágrafo que dava absurdos poderes à Prefeitura: aprovar qualquer construção de interesse social, como um shopping e seus prometidos empregos. Por fim, o decreto que o prefeito não apresentou, respaldado pelo Plano Diretor, poderia suspender por seis meses as construções na Bacia do Itacorubi, dando chance ao debate e à reflexão.
Ao espectador deste insalubre espetáculo – o cidadão oprimido, sem água e planejamento, engarrafado no carro veloz ou espremido no ônibus – só resta uma saída: assumir o protagonismo da encenação.
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